A Revolução Cubana
A queda de Batista (1953-1959) –
Cuba
vivia, desde 1952, sob a ditadura de Fulgêncio Batista, que chegara ao poder
através de um golpe militar. Batista era um ex-sargento, promovido de uma hora
para outra a coronel, depois da chamada “revolução dos sargentos” que depôs o
presidente Gerardo Machado, em 1933. Sete anos depois, em 1940, Batista foi
eleito presidente. Concluído seu mandato, manteve-se distante do poder durante
o governo de seus dois sucessores, para retornar novamente à ativa em 1952, com
um golpe.
Contra a ditadura de Batista formou-se uma oposição, na qual se destacou
o jovem advogado Fidel Castro, que em 26 de julho de 1953 atacou o quartel de
Moncada, com um grupo de companheiros. O ataque fracassou e foram todos
encarcerados. Fidel, impossibilitado de agir devido à rigorosa vigilância
policial, procurou exílio no México, onde conheceu “Che Guevara”, um médico
argentino que trabalhara na organização da saúde popular na Guatemala, de onde
saíra após o golpe militar de 1954, e juntos reorganizaram suas forças para retornar a Cuba. No final de
1956, retornou a Cuba no barco Granma, carregado de armas para iniciar o
confronto militar com Batista.
O plano de desembarque, porém, fracassou, e Fidel teve que se refugiar
com os companheiros em
Sierra Maestra , de onde começaram as operações guerrilheiras.
Essas operações tornaram-se cada vez mais organizadas e o movimento
guerrilheiro cresceu em força e apoio popular enfrentando o poder do ditador.
A selvagem repressão desencadeada por Batista aumentou sua
impopularidade a tal ponto que, em 1958, os Estados Unidos acabaram suspendendo
a venda de armas para o ditador. Em 8 de janeiro de 1959, depois de uma
bem-sucedida greve geral, Batista foi derrubado e as tropas de Fidel entraram
em Havana.
Manuel Urritia Manzano, moderado opositor do regime Batista, ocupou a
presidência, e Fidel foi indicado primeiro-ministro. Alguns membros do Movimento 26 de Julho – nome da
organização político-guerrilheira chefiada por Fidel – também ocuparam cargos
ministeriais.
A organização de Fidel desfrutava de uma simpatia generalizada entre os
cubanos e, a princípio, manteve-se equidistante do comunismo e do capitalismo.
Os cubanos esperavam, por isso, que se instalasse um governo constitucional, um
sistema democrático-representativo nos moldes conhecidos das repúblicas
burguesas.
A radicalização
–
O fuzilamento dos inimigos da revolução (o
famoso paredón), as reformas urbanas que obrigaram a baixar os preços dos
aluguéis e a reforma agrária, de profundidade sem paralelo na América, eram
manifestações de radicalismo que começaram a inquietar os moderados e, no plano
externo, o governo dos Estados Unidos.
A resistência do presidente Urritia à radicalização levou Fidel a
demitir-se em julho de 1959. Essa atitude suscitou a mais viva manifestação a
favor de Fidel e levou, por sua vez, à renúncia de Urritia, que foi substituído
por Osvaldo Dorticós Torrado. Fidel voltou a assumir o posto de
primeiro-ministro.
Os moderados, vendo na manobra política de Fidel o sintoma de uma
indesejável combinação de radicalismo e autoritarismo, afastaram-se do poder.
Isso significou, para a revolução, a perda de apoio dos quadros qualificados
(profissionais especializados), a qual, no entanto foi compensada pela
aproximação e colaboração dos comunistas, que desde o início da guerrilha
conservaram-se distantes do Movimento 26 de Julho.
A adesão dos comunistas à revolução, embora tardia, fez com que às
audaciosas medidas do novo governo fossem interpretadas como de origem e
inspiração comunista, o que não era verdade. De qualquer forma, serviu para
encaixar o governo castrista no esquema da guerra fria: se o novo regime não
era pró-capitalista, então só podia ser comunista. Essa foi a conclusão dos
conservadores e moderados.
Etapas da ruptura com a ordem capitalista (1960-1961) –
Era verdade, contudo, que a reforma radical implantada pelo novo governo
possuía uma profunda orientação anticapitalista. O radicalismo do governo
revolucionário era visto com desconfiança pelos Estados Unidos, sobretudo
porque a reforma agrária atingira propriedades açucareiras que pertenciam a
capitalistas norte-americanos. O presidente Eisenhower, contrariando o desejo
dos ultra conservadores, descartou, entretanto a intervenção militar. Em
represália, porém, desencadeou uma dura pressão econômica, cortando
fornecimentos - por exemplo, de petróleo - e fazendo vistas grossas para ações
de sabotagem contra a economia cubana.
Em julho de 1960, Cuba passou a importar petróleo da União Soviética,
mas as refinarias, de propriedade norte-americana e britânica, recusaram-se a
refinar o produto. Como resposta, o governo cubano encampou as refinarias, e os
Estados Unidos reagiram suspendendo a compra do açúcar cubano.
Em 1961, com John Kennedy, a ruptura se completou. Os Estados Unidos
romperam as relações diplomáticas com Cuba e Kennedy autorizou a invasão
militar do país pelos exilados cubanos treinados por militares
norte-americanos. No dia 17 de abril de 1961, com apoio aéreo dos Estados
Unidos, os contra-revolucionários desembarcaram na praia de Girón, na baía dos
Porcos, mas foram derrotados em 72 horas.
Dois dias antes da invasão, no dia 15 de abril, Fidel havia declarado,
pela primeira vez, que a revolução cubana era socialista.
O socialismo cubano –
A Revolução Cubana tornou-se socialista no
processo, e nisso reside sua originalidade.
Em julho de 1961, o Partido Comunista Cubano
ampliou sua participação e influência no governo. No ano seguinte, porém, sua
ascensão foi freada, com o afastamento de seu núcleo dirigente do quadro
governamental. O controle do poder foi então retomado pelos revolucionários de
Sierra Maestra.
Contudo, o ingresso de Cuba na via socialista levou o país a vincular-se
cada vez mais ao bloco socialista, enquanto era forçado a se afastar do sistema
pan-americano. Em 1962, na Conferência de Punta del Este (Uruguai), Cuba foi
excluída da Organização dos Estados Americanos (OEA). Com exceção do México,
todos os países romperam relações diplomáticas e comerciais com Cuba, sob o
pretexto de que Cuba estava exportando sua revolução para toda a América Latina.
Em meados de 1962, Kennedy denunciou a presença de mísseis soviéticos em
Cuba e ordenou seu bloqueio naval, forçando a União Soviética a retirar da ilha
seu arsenal nuclear.
O isolamento de Cuba imposto pelos Estados Unidos e sua dependência
econômica e militar de uma potência distante (União Soviética) não deixaram a
Fidel outra alternativa senão tentar modificar esse quadro opressivo para o
país. Por isso, a partir de 1962, passou a defender, incansavelmente, a
insurreição armada na América Latina, com a esperança de que, com uma revolução
em escala continental, Cuba pudesse finalmente romper o isolamento ao qual
estava submetida.
Por volta de 1965, devido ao bloqueio econômico, Cuba vivia graves
problemas. Para solucioná-los, os revolucionários viram-se diante de um dilema:
ou apelavam para soluções eminentemente técnicas e econômicas ou reacendiam a
chama revolucionária. Ernesto Guevara, argentino de nascimento, mas que se
tornara um dos principais dirigentes da revolução era favorável à segunda
solução. Entretanto, não havia unanimidade.
De qualquer modo, Cuba não tinha como renunciar a sua liderança
continental, visto que exercia uma grande influência sobre as esquerdas na
América Latina. E, como as esquerdas latino-americanas eram seu único ponto de
apoio no continente, seria um suicídio político abrandar em Cuba a chama
revolucionária.
Dentro desse espírito revolucionário, realizou-se em Cuba, no ano de
1966, o Congresso Tricontinental, que reuniu os principais movimentos
revolucionários e aintiimperialistas da Ásia, África e América Latina. Nesse
momento, encontrava-se no auge a agressão norte-americana no Vietnã, e a heroica resistência vietnamita despertava enorme admiração em todo o mundo e
motivava os revolucionários.
Em julho-agosto de 1967, fundou-se em Havana a Organização
Latino-Americana de Solidariedade (OLAS), cujo lema era: "O dever de todo
revolucionário é fazer a revolução". Esse lema, que criticava implicitamente
os partidos comunistas e outras correntes de esquerda que se haviam acomodado à
ordem capitalista, retratava também o excesso de otimismo voluntarista, típico
da época.
Isso veio a se confirmar no mesmo ano de
1967: Guevara, que há muito "desaparecera" do cenário político
cubano, reapareceu na Bolívia, onde procurava repetir a experiência cubana.
Dessa vez, entretanto, fracassou e foi morto pelo exército de Barrientos.
A partir de 1968, os dirigentes cubanos, admitindo agora outras
alternativas revolucionárias, começaram gradualmente a se retrair, muito
embora, por essa mesma época, a guerrilha estivesse se desenvolvendo no Brasil,
na Argentina e no Uruguai. Porém, o ímpeto guerrilheiro não ultrapassou o ano
de 1975, e as lutas armadas urbanas e rurais fracassaram. Com isso, a tradição
bolchevique abandonada começou a ser retomada, em sua vertente anti-stalinista.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Apostila Unificado.
- Saber e Fazer História – Gilberto
Cotrim
- Assim Caminha a Humanidade –
Virgínia Valadares e Vanise Ribeiro
- História Memória Viva – Cláudio
Vicentino
- WWW. Cola da Web.com.br