quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A Revolução Cubana

                                       
  A queda de Batista (1953-1959)
        Cuba vivia, desde 1952, sob a ditadura de Fulgêncio Batista, que chegara ao poder através de um golpe militar. Batista era um ex-sargento, promovido de uma hora para outra a coronel, depois da chamada “revolução dos sargentos” que depôs o presidente Gerardo Machado, em 1933. Sete anos depois, em 1940, Batista foi eleito presidente. Concluído seu mandato, manteve-se distante do poder durante o governo de seus dois sucessores, para retornar novamente à ativa em 1952, com um golpe.
         Contra a ditadura de Batista formou-se uma oposição, na qual se destacou o jovem advogado Fidel Castro, que em 26 de julho de 1953 atacou o quartel de Moncada, com um grupo de companheiros. O ataque fracassou e foram todos encarcerados. Fidel, impossibilitado de agir devido à rigorosa vigilância policial, procurou exílio no México, onde conheceu “Che Guevara”, um médico argentino que trabalhara na organização da saúde popular na Guatemala, de onde saíra após o golpe militar de 1954, e juntos reorganizaram  suas forças para retornar a Cuba. No final de 1956, retornou a Cuba no barco Granma, carregado de armas para iniciar o confronto militar com Batista.
        O plano de desembarque, porém, fracassou, e Fidel teve que se refugiar com os companheiros em Sierra Maestra, de onde começaram as operações guerrilheiras. Essas operações tornaram-se cada vez mais organizadas e o movimento guerrilheiro cresceu em força e apoio popular enfrentando o poder do ditador.
        A selvagem repressão desencadeada por Batista aumentou sua impopularidade a tal ponto que, em 1958, os Estados Unidos acabaram suspendendo a venda de armas para o ditador. Em 8 de janeiro de 1959, depois de uma bem-sucedida greve geral, Batista foi derrubado e as tropas de Fidel entraram em Havana.
        Manuel Urritia Manzano, moderado opositor do regime Batista, ocupou a presidência, e Fidel foi indicado primeiro-ministro. Alguns membros do Movimento 26 de Julho – nome da organização político-guerrilheira chefiada por Fidel – também ocuparam cargos ministeriais.
        A organização de Fidel desfrutava de uma simpatia generalizada entre os cubanos e, a princípio, manteve-se equidistante do comunismo e do capitalismo. Os cubanos esperavam, por isso, que se instalasse um governo constitucional, um sistema democrático-representativo nos moldes conhecidos das repúblicas burguesas.
 
A radicalização
       O fuzilamento dos inimigos da revolução (o famoso paredón), as reformas urbanas que obrigaram a baixar os preços dos aluguéis e a reforma agrária, de profundidade sem paralelo na América, eram manifestações de radicalismo que começaram a inquietar os moderados e, no plano externo, o governo dos Estados Unidos.
        A resistência do presidente Urritia à radicalização levou Fidel a demitir-se em julho de 1959. Essa atitude suscitou a mais viva manifestação a favor de Fidel e levou, por sua vez, à renúncia de Urritia, que foi substituído por Osvaldo Dorticós Torrado. Fidel voltou a assumir o posto de primeiro-ministro.
        Os moderados, vendo na manobra política de Fidel o sintoma de uma indesejável combinação de radicalismo e autoritarismo, afastaram-se do poder. Isso significou, para a revolução, a perda de apoio dos quadros qualificados (profissionais especializados), a qual, no entanto foi compensada pela aproximação e colaboração dos comunistas, que desde o início da guerrilha conservaram-se distantes do Movimento 26 de Julho.
        A adesão dos comunistas à revolução, embora tardia, fez com que às audaciosas medidas do novo governo fossem interpretadas como de origem e inspiração comunista, o que não era verdade. De qualquer forma, serviu para encaixar o governo castrista no esquema da guerra fria: se o novo regime não era pró-capitalista, então só podia ser comunista. Essa foi a conclusão dos conservadores e moderados.
 
Etapas da ruptura com a ordem capitalista (1960-1961)
        Era verdade, contudo, que a reforma radical implantada pelo novo governo possuía uma profunda orientação anticapitalista. O radicalismo do governo revolucionário era visto com desconfiança pelos Estados Unidos, sobretudo porque a reforma agrária atingira propriedades açucareiras que pertenciam a capitalistas norte-americanos. O presidente Eisenhower, contrariando o desejo dos ultra conservadores, descartou, entretanto a intervenção militar. Em represália, porém, desencadeou uma dura pressão econômica, cortando fornecimentos - por exemplo, de petróleo - e fazendo vistas grossas para ações de sabotagem contra a economia cubana.
      Em julho de 1960, Cuba passou a importar petróleo da União Soviética, mas as refinarias, de propriedade norte-americana e britânica, recusaram-se a refinar o produto. Como resposta, o governo cubano encampou as refinarias, e os Estados Unidos reagiram suspendendo a compra do açúcar cubano.
        Em 1961, com John Kennedy, a ruptura se completou. Os Estados Unidos romperam as relações diplomáticas com Cuba e Kennedy autorizou a invasão militar do país pelos exilados cubanos treinados por militares norte-americanos. No dia 17 de abril de 1961, com apoio aéreo dos Estados Unidos, os contra-revolucionários desembarcaram na praia de Girón, na baía dos Porcos, mas foram derrotados em 72 horas.
      Dois dias antes da invasão, no dia 15 de abril, Fidel havia declarado, pela primeira vez, que a revolução cubana era socialista.
 
O socialismo cubano
         A Revolução Cubana tornou-se socialista no processo, e nisso reside sua originalidade.
Em julho de 1961, o Partido Comunista Cubano ampliou sua participação e influência no governo. No ano seguinte, porém, sua ascensão foi freada, com o afastamento de seu núcleo dirigente do quadro governamental. O controle do poder foi então retomado pelos revolucionários de Sierra Maestra.
        Contudo, o ingresso de Cuba na via socialista levou o país a vincular-se cada vez mais ao bloco socialista, enquanto era forçado a se afastar do sistema pan-americano. Em 1962, na Conferência de Punta del Este (Uruguai), Cuba foi excluída da Organização dos Estados Americanos (OEA). Com exceção do México, todos os países romperam relações diplomáticas e comerciais com Cuba, sob o pretexto de que Cuba estava exportando sua revolução para toda a América Latina.
       Em meados de 1962, Kennedy denunciou a presença de mísseis soviéticos em Cuba e ordenou seu bloqueio naval, forçando a União Soviética a retirar da ilha seu arsenal nuclear.
       O isolamento de Cuba imposto pelos Estados Unidos e sua dependência econômica e militar de uma potência distante (União Soviética) não deixaram a Fidel outra alternativa senão tentar modificar esse quadro opressivo para o país. Por isso, a partir de 1962, passou a defender, incansavelmente, a insurreição armada na América Latina, com a esperança de que, com uma revolução em escala continental, Cuba pudesse finalmente romper o isolamento ao qual estava submetida.
        Por volta de 1965, devido ao bloqueio econômico, Cuba vivia graves problemas. Para solucioná-los, os revolucionários viram-se diante de um dilema: ou apelavam para soluções eminentemente técnicas e econômicas ou reacendiam a chama revolucionária. Ernesto Guevara, argentino de nascimento, mas que se tornara um dos principais dirigentes da revolução era favorável à segunda solução. Entretanto, não havia unanimidade.
        De qualquer modo, Cuba não tinha como renunciar a sua liderança continental, visto que exercia uma grande influência sobre as esquerdas na América Latina. E, como as esquerdas latino-americanas eram seu único ponto de apoio no continente, seria um suicídio político abrandar em Cuba a chama revolucionária.
       Dentro desse espírito revolucionário, realizou-se em Cuba, no ano de 1966, o Congresso Tricontinental, que reuniu os principais movimentos revolucionários e aintiimperialistas da Ásia, África e América Latina. Nesse momento, encontrava-se no auge a agressão norte-americana no Vietnã, e a heroica resistência vietnamita despertava enorme admiração em todo o mundo e motivava os revolucionários.
       Em julho-agosto de 1967, fundou-se em Havana a Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS), cujo lema era: "O dever de todo revolucionário é fazer a revolução". Esse lema, que criticava implicitamente os partidos comunistas e outras correntes de esquerda que se haviam acomodado à ordem capitalista, retratava também o excesso de otimismo voluntarista, típico da época.
Isso veio a se confirmar no mesmo ano de 1967: Guevara, que há muito "desaparecera" do cenário político cubano, reapareceu na Bolívia, onde procurava repetir a experiência cubana. Dessa vez, entretanto, fracassou e foi morto pelo exército de Barrientos.
       A partir de 1968, os dirigentes cubanos, admitindo agora outras alternativas revolucionárias, começaram gradualmente a se retrair, muito embora, por essa mesma época, a guerrilha estivesse se desenvolvendo no Brasil, na Argentina e no Uruguai. Porém, o ímpeto guerrilheiro não ultrapassou o ano de 1975, e as lutas armadas urbanas e rurais fracassaram. Com isso, a tradição bolchevique abandonada começou a ser retomada, em sua vertente anti-stalinista.

   
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • Apostila Unificado.
  • Saber e Fazer História – Gilberto Cotrim
  • Assim Caminha a Humanidade – Virgínia Valadares e Vanise Ribeiro
  • História Memória Viva – Cláudio Vicentino
  • WWW. Cola da Web.com.br







terça-feira, 5 de novembro de 2013

A ECONOMIA AFRICANA

A ECONOMIA AFRICANA

Como promover o desenvolvimento de mais de 905 milhões de africanos, incluindo milhões de famintos e miseráveis, em um novo milênio marcado por modernas conquistas tecnológicas, científicas e industriais?

Agropecuária e mineração

Agropecuária
Pastoreio nômade no deserto, pecuária extensiva nas estepes, modernos cultivos de algodão, amendoim, cacau, café, chá, cana-de-açúcar e outros produtos de exportação em meio a florestas e savanas: a agropecuária africana é diversificada, havendo predomínio da agricultura de subsistência, em pequenas propriedades, com uso de técnicas rudimentares.
Perspectivas sombrias

O modelo colonial colocou a África no papel de fornecedora de matérias-primas e de compradora de produtos industrializados das potências europeias. Essa posição subordinada na DIT (Divisão Internacional do Trabalho), que se estabeleceu especialmente entre os países exportadores de bens manufaturados que detêm o capital e o poder econômico, e os países exportadores de matérias--primas, com mão-de-obra barata e industrialização quase inexistente, reforçou a "vocação" agrícola e mineradora na região, contribuindo para o aumento da miséria e a péssima distribuição de renda. Hoje, um continente que pouco contribui para o aquecimento global é o mais vulnerável às mudanças climáticas futuras, com seus efeitos de fome e escassez de recursos hídricos.

Mineração
Em países como Angola, Nigéria, Mauritânia, Argélia, Líbia, África do Sul, República Democrática do Congo e Zâmbia, os produtos minerais chegam a representar mais da metade das exportações. Apesar disso, sua exploração ocupa uma parcela muito pequena da PEA. A maior parte da produção é encaminhada sob a forma de minério bruto para a Europa, os Estados Unidos e o Japão.
Nas jazidas encontradas perto da superfície, a exploração é feita por garimpeiros, individualmente ou em pequenos grupos, usando--se métodos simples de trabalho. Em alguns casos, a extração de diamantes mobiliza o trabalho escravo de jovens e crianças e se associa ao contrabando das pedras preciosas e ao tráfico de armas. Isso acontece, por exemplo, em Serra Leoa, em Angola e no Congo. Nas jazidas mais profundas, que exigem equipamentos modernos de sondagem e perfuração, a extração é feita por grandes companhias mineradoras, principalmente estadunidenses e europeias.

A industrialização tardia e incompleta
O setor industrial dos países africanos, de modo geral, não apresenta diversificação nem dinamis­mo suficientes para sustentar um desenvolvimento econômico autônomo. As exceções são o Egito e a África do Sul. 
Por serem compradoras de produtos indus­trializados dos países do centro do sistema ca­pitalista, as nações africanas permanecem como meras exportadoras de matérias-primas (minérios e produtos agrícolas). A grande necessidade de pro­dutos industrializados e a pequena disponibilidade interna de capitais para comprá-los impede uma acumulação de capitais no continente, pois a maio­ria dos escassos recursos financeiros acaba sendo canalizada para o exterior com as importações.
Boa parte das indústrias que atuam em solo africano é composta de transnacionais ou de em­presas ligadas a grupos tradicionais da pequena eli­te africana, altamente concentradora de lucros.

Programas de industrialização
O processo de industrialização iniciou-se na África após a descolonização, nas décadas de 1950 e 1960.
Nos países onde ocorreu algum desenvolvimen­to industrial, criaram-se as condições para:
  fortalecimento das economias nacionais, possibilitado pelo aumento da renda das po­pulações e do consumo interno, assim como pela geração de novas atividades produtivas e novos postos de trabalho;
  incremento das bases económicas nacio­nais, visando diminuir as importações e aumentar a poupança interna dos países;
  surgimento da OUA (Organização da Unida­de Africana), em 1961, buscando dar unidade política e estabilidade económica e territorial à África;
  aumento do grau de benefíciamento das mer­cadorias, com o objetivo de aumentar a lucratividade dos setores voltados para a exportação. Observe o mapa
Obstáculos à industrialização
•  Pequena participação no comércio mun­dial. As exportações africanas ainda são irrisórias, mas têm conseguido isenções de tarifas especialmente por parte da União Europeia (figura 12).
•  Escassez de capital. As nações africanas são obrigadas a recorrer a empréstimos interna­cionais, elevando suas dívidas externas.
•  Remessa de lucros. As transnacionais esta­belecidas na África remetem os lucros para seus países de origem.
•  Escassez de mão-de-obra qualificada. A baixa qualificação dos trabalhadores africa­nos desestimula a instalação de indústrias modernas no continente, no contexto da globalização econômica.
•  Mercado interno restrito. Grande parte da população africana ainda reside na zona rural e tem baixíssimo poder de compra.
•  Guerras civis. As guerras interétnicas e intertribais abalam economias e populações em diversos países da África.

 A integração econômica da África
Apesar dos incessantes conflitos, a integração econômica do continente africano é possível. A África tem potencial econômico, exemplificado pela riqueza do subsolo, pela grande biodiversidade e pelo potencial criativo de seus povos e culturas.
Algumas tentativas políticas têm sido realizadas para promover a unidade e a prosperidade econômica do continente, entre elas a SADC (Comuni­dade de Desenvolvimento da África Austral) e a UA (União Africana).
A SADC, maior bloco comercial da África, enfrenta problemas nas esferas política, econômica, social, militar, ambiental e cultural. Um dos maiores desafios é conseguir colocar em prática um protocolo sobre livre circulação de pessoas e produtos. Isso porque o bloco não tem o respaldo da chamada sociedade civil dos países africanos nos programas de acão que propõe.
A UA surgiu em julho de 2002, em substitui­ção à OUA (Organização da Unidade Africana). Uma de suas realizações para enfrentar a insta­bilidade política no continente foi a criação do Conselho de Paz e Segurança, destinado a inter­vir em conflitos étnicos e tribais para prevenir genocídios.